01/11/2019

a teoria do consumidor para totós

a teoria do consumidor, ou teoria da escolha, é uma teoria da microeconomica, que tenta descrever como os consumidores tomam decisões de compra e como eles enfrentam os diferentes tradeoffs e as mudanças no seu ambiente

para esta teoria, as pessoas escolhem um bem em detrimento de outro em virtude da utilidade que ele lhe proporciona; sendo que as coisas não têm valor em absoluto em separado das pessoas e das circunstâncias, tendo a mesma coisa diferentes valores para pessoas e situações diferentes

um dos pressupostos - valor e escassez - diz que a escassez é o que gera o valor! Antes da lei económica da oferta e da procura explicar as variações dos preços em função da quantidade disponível dos bem em causa, já há muito o dia a dia dos homens havia feito da escassez o critério objectivado mais básico para a aferição do valor das coisas

mas tudo começa a perder interesse (utilidade?!) com a matematização da realidade...

"em  termos  matemáticos,  este  princípio  geral  traduz  que  a  função  valor  é  côncava  crescente.  A  função  ser  côncava crescente traduz que a sua derivada é positiva e que a sua segunda derivada é negativa (que o valor marginal é decrescente)"

vamos por isso ao que interessa! este é um screenshot do website e loja e-Commerce da marca "Anti Social Social Club" [link]

se uma imagem vale mais do que mil palavras, esta então vale todo um manual de microeconomia e um manual de teoria do consumidor juntos

TODOS, mas literalmente todos os produtos da marca são apresentados na loja online com o rótulo de "SOLD OUT", estando por isso em rutura e por isso impossíveis de comprar...

https://www.antisocialsocialclub.com/

não vou perder-me em explicações ;) iniciativa online muito bem conseguida, completamente fora da caixa, como a própria marca 

procura e oferta, valor e negociação, posicionamento, ... está cá tudo! 

se for tema de interesse, sugiro a leitura do artigo no Observador  "O storytelling e a gestão de marcas"

02/08/2019

a ação que a Benetton queria ter feito: baloiços cor-de-rosa néon unem fronteira México/EUA

os baloiços foram instalados entre das ripas de aço numa secção do muro da fronteira, no Sunland Park, pelos arquitetos californianos Ronald Rael e Virginia San Fratello, com o apoio do Colectivo Chopeke da Ciudad Juarez, noMéxico



a ideia original foi concebida por Rael e Fratello em 2009 (ver aqui) quando estavam a ser desnvolvidos conceitos alternativos ao muro para delimitar a fronteira, projectos que dessem visibilidade aos desafios humanísticos, culturais e ambientais inerentes à construção do muro

nos vídeos e fotos partilhados por Rael, podemos ver adultos e crianças que se juntam à diversão. Como diz no tweet de um dos autores,
quando penso em marcas e ativismo / intervenção social a United Colors of Benetton está claramente no meu top of mind, daí a "provocação" no titulo. Imaginei também um baloiço feito de peças de legos e a ação ser promovida pela marca dinamarquesa, teria sido excelente também

quando a criatividade e o ativismo social inspiram as marcas. Devemos estar bem atentos à forma como a sociedade comunica e as mensagens que previligia. É de lá que deve vir inspiração e os principais insights acerca do consumidor, das gerações X, Y, Z, de tudo

o que vos parece a ideia? que outras marcas?

28/04/2019

os fundamentais da segmentação em 3 minutos

a campanha mais recente do canal Dinamarquês TV2 é um short course genial em "segmentação de mercado", vale a pena ver



colocamos as pessoas em caixas e isso é normal! é assim que pensamos e é o que temos feito no marketing desde sempre... olhamos para o que o consumidor pensa e faz como uma commodity a que lhe falta profundidade e detalhe

isto leva muitas vezes à criação de personas e de estudos de mercado que ficam pela superfície e que não vão mais longe que o identificar de acções e o descrever de pensamentos discretos, relativamente desligados do consumidor final

como resultado, normalmente, temos estudos que nos dão muita informação mas que levam a uma compreensão pouco complexa daquilo que os consumidores pensam, gostam e querem (precisam...)

por isso, talvez devessemos redefinir o que é mais importante para as nossas “caixas”, isto se queremos, enquanto marcas, ser interessantes para as pessoas (e não consumidores dentro de caixas)

temos mesmo de parar de interromper as pessoas enquanto elas fazem aquilo em que estão interessadas e passar a ser tão interessantes como todas essas coisas; o nosso desafio é fazer com que as pessoas queiram gastar o seu tempo com a marca! o tempo é a nova moeda

as marcas fortes são as marcas que se tornam parte do tempo das pessoas, pela relevância! como e onde encontrar essa relevância? simples, usando a relevância (significado, benefício, propósito...) como critério de segmentação! fica a deixa 

31/03/2019

a informação pertinente é aquela que vem dos clientes e a eles retorna

a McDonald’s anunciou a aquisição da Dynamic Yield, uma start-up tecnológica na área da inteligência artificial, personalização e melhoria da experiência do consumidor

de acordo com o comunicado de imprensa, a McDonald’s utilizará esta tecnologia para oferecer uma experiência ainda mais personalizada ao cliente, por exemplo, variando as opções dos menus digitais nos Drive Thru com base na hora do dia, clima, tráfego atual do restaurante e produtos mais procurados

ok. Até aqui nada que eu já não tenha visto, nomeadamente no sector do retalho, da banca online... Onde é que eu acho que está "a notícia"? na atitude da marca em querer criar conhecimento acerca do comportamento de consumo

quando se servem 68 milhões de clientes todos os dias, a nossa capacidade para aprender com os seus comportamentos e traduzir isso em tecnologia é imbatível”, disse o presidente executivo do McDonald's, Steve Easterbrook, em comunicado

a intenção é conseguir compreender os hábitos de consumo dos seus clientes e usar essa informação para tornar mais eficiente e personalizada a sua cadeia de abastecimento. Em entrevista à Wired, Steve Easterbrook, cita o processo como uma “transição do marketing em massa para a personalização em massa"



Guy Ausloos - psicólogo e terapeuta familiar - no livro "A Competência das Famílias", apresenta o que ele chama de Postulado da Informação Pertinente. De forma simples, refere que “a informação pertinente é aquela que vem da família e a ela retorna” (para a informar do seu próprio funcionamento)”. Para o caso, teria a ousadia de o adaptar: “a informação pertinente é aquela que vem dos clientes e a eles retorna”. Isto é ser customer-centric, um passo de gigante para colocar o cliente no centro da vida do negócio