procurar a combinação mais vantajosa de custo, qualidade e benefício para satisfazer uma necessidade (seja ela qual for) é o santo graal de qualquer consumidor online; pelo menos é com esse espírito que ele abre o Google e começa a pesquisar
só que rapidamente percebe que a pesquisa "qual é o telemóvel que para mim é mais vantajoso em custo, qualidade e benefício" lhe vai trazer poucos resultados interessantes... isto é, vai-lhe é devolver centenas de entradas de pessoas com reviews online, comentando o que é que eles acham que "é mais vantajoso em custo, qualidade e benefício" como os famosos posts "Os 10 melhores telemóveis baratos e bons em 2021 - 4gnews" (sim, eu fiz mesmo a pesquisa e esta é efetivamente a primeira entrada não paga). Mas isso pouco ajuda, e às vezes só complica...
o que leva as pessoas a terem de escolher palavras chave que de alguma forma "sintetizem" o que procuram e ir acrescentando adjectivos que ajudem a concretizar e a decidir (o que a Google chama de "modifiers")
a forma como as pessoas pesquisam e o processo de tomada de decisão online é precisamente o tema do recente trabalho da Google "How people decide what to buy lies in the ‘messy middle’ of the purchase journey", um trabalho que recomendo claramente a leitura! (leiam o documento todo, não fiquem só pela página online)
achei particularmente curioso o estudo da evolução das pesquisas online com os termos "grátis", "barato" e "melhor", o gráfico resume bem:
durante a primeira década e meia do novo milénio, parece que estávamos interessados em obter algo em troca de nada. Ainda mais do que "melhor" e "barato", nos anos 2000, "grátis" era rei
curiosamente, as pesquisas com "grátis" e "barato" têm diminuído constantemente nos últimos 15 anos, enquanto que o interesse pelo "melhor" tem aumentado com um grau impressionante de correlação negativa
em algum momento por volta de 2009, o interesse dos consumidores em encontrar o artigo "mais barato" foi eclipsado por um desejo de encontrar "o melhor", e em 2016 foi a vez do "grátis".
em 2020 o "melhor" é o novo normal nas pesquisas online!
este estudo foi feito no Reino Unido, mas estas mesmas dinâmicas são válidas noutros países de todo o mundo, como a Alemanha, Índia e Itália, por exemplo, quando "barato" e "melhor" são traduzidos para as línguas locais
as hipóteses para explicar estes efeitos são bem vindas na caixa de comentários ;)
um detalhe é curioso... olhando mais de perto para "barato" e "melhor", rapidamente se torna evidente que estes dois conceitos são muito diferentes no âmbito e aplicação. "Barato" (e "grátis") é quantificável e racional, o "melhor" é mais subjectivo e emocional. O preciso valor de "barato" pode variar entre indivíduos, mas ainda carrega um significado singular. "Melhor", por outro lado, pode ter uma vasta gama de significados, sendo aplicável ao valor, qualidade, desempenho, popularidade, e muito mais...
Sem comentários:
Enviar um comentário