as marcas do Bullying

"as marcas do Bullying" é o tema de capa da edição de Outubro de 2021 da revista Marketeer, uma iniciativa excelente e muito bem executada, com uma direção de arte exemplar 

toda a visibilidade ao tema é bem vinda, parabéns Marketeer


em Portugal o tema ainda é tratado como “tabu”, mas já existem campanhas pontuais e trabalhos muito interessantes. Internacionalmente, as campanhas sobre este tema multiplicam-se e são cada vez mais e melhores; tenho escrito sobre algumas delas neste blog (por exemplo aqui)

mas quanto mais acompanho estas iniciativas, mais me questiono sobre o seguinte: 

em primeiro, sobre a enorme distância que por vezes existe entre todas estas ações e a violência no dia-a-dia destas crianças e adolescentes; temos de garantir que efectivamente chegamos onde importa, temos de começar a medir resultados e temos de ser mais eficazes na promoção de mudança por forma a conseguirmos um verdadeiro impacto social

em segundo, e relacionado com o anterior, sobre quem é afinal o target das campanhas anti-bullying? as vitimas? os agressores? os cuidadores (das vitimas e dos agressores)? todos? porque tenho a ligeira sensação que quem "vê e ouve" estas campanhas são muitas vezes quem menos precisa...

em terceiro, sobre a comunicação paradoxal com que invadimos a (sub)consciência das crianças e adolescentes: por um lado injectamos nos meios de comunicação social doses massivas de violência, onde todos os dias é glorificada, nomeadamente pelos algoritmos das redes sociais, por outro lado fazemos campanhas mais ou menos "fofinhas" a dizer que a violência é uma coisa "feia e má". Em que ficamos? qual é mesmo a nossa posição?
 
deixo para reflexão, os comentários são bem vindos

papel do marketing na promoção do comportamento pró-social

para o Dia Mundial da Síndrome de Down 2021, a CoorDown apresentou a The Hiring Chain, a campanha de comunicação internacional desenvolvida em parceria com a agência de criação Small, com sede em Nova York 

a mensagem da ação é simples e eficaz: contratar uma pessoa com síndrome de Down não só muda a vida da pessoa em questão, como pode desencadear um círculo virtuoso de novas oportunidades para todos! Como explica a CoorDown no seu canal de YouTube:"quanto mais as pessoas com síndrome de Down forem vistas no trabalho, mais serão reconhecidas como colaboradores valiosos e mais serão contratadas"

a canção original da campanha é interpretada por Sting e foi composta por Stabbiolo Music. É este o "pequeno grande" detalhe que lança para a fama esta ação


 

o tweet do Sting:

o vídeo e a música: 

os empregadores inspirados no filme podem visitar o sítio criado para o efeito em www.hiringchain.org (criado por Adoratorio Studio) onde vão encontrar os contactos de organizações de todo o mundo que podem ajudar e fornecer informações detalhadas sobre a criação de um local de trabalho inclusivo

quem quiser conhecer a identidade visual de todo o projecto, pode encontrar aqui

o sucesso desta ação está obviamente no insight, que é brilhante. O Sting dá-lhe a notoriedade que ele merece, garantindo assim o sucesso e a maior visibilidade

fica evidente como o marketing pode e deve atuar no sentido da promoção do comportamento pró-social, seja dos empregadores, seja dos consumidores. Este é um passo na direção do futuro, o marketing ao serviço do verdadeiro impacto social

o futuro do retalho moderno

"compre diretamente a quem fabrica" é o claim que acompanha o packshot final do vídeo que faz parte da mais recente campanha da Dyson, atualmente em TV e digital


 

será  este o principio do fim do retalho moderno como o conhecemos (baby steps)? com a ajuda essencial da massificação do D2C através do e-Commerce?

ou apenas um claim aspiracional de marca líder (que curiosamente está à venda na  distribuição moderna) cuja intenção é reforçar o posicionamento de especialista?

comentários (construtivos) são bem vindos ;)