good bots, bad bots, and... humans (parte 2)

em 2019 escrevi o post "good bots, bad bots, and... humans" que decidi atualizar, porque o investimento dar marcas em digital tem crescido de forma significativa e há um tema que parece continuar tabu e que ninguém quer discutir

na altura a conclusão era: "o tráfego humano na Internet aumentou em 1,1%, para 62,8% do total"; Ainda longe dos 100% que deveria ser, mas, vamos a ver, e tinha atingido o seu máximo histórico desde 2014. Não sendo assim tão bom como parece, como será que estamos "hoje" (ou neste caso em 2021 porque não tenho números mais recentes)? 

dados da Statista mostram-nos um recuo relevante: o tráfego humano na WWW em 2021 era de 57,7% (um recuo de 5,1pp)

"Distribution of bot and human web traffic worldwide from 2014 to 2021"

 
 
qual é o principal impato destes números para as marcas, para os orçamentos de marketing (em digital) e para as métricas de avaliação do sucesso destas campanhas?
 
vamos fazer um exercício: contas "por alto", vamos imaginar um investimento em redes sociais de 100 euros, que me devolveu um total de 1000 cliques para o site. Para estes resultados, teria tido um CPC (cost-per-click) de 0,10€ e teria alcançado 1000 potenciais clientes

mas... tendo em conta os dados apresentados, só 57,7% dos cliques foram de seres Humanos, logo, só 577 cliques para o site foram de pessoas (imaginem como o "funil" é impactado a partir daqui...). Por isso, na verdade o CTC foi de 0,17€ e não de 0,10€ (o que representa um aumento de 70%)... 

mas a noticia pode piorar, porque se mudarmos a fonte:

(curiosidade: este foi um tweet particularmente famoso, porque teve como resposta "!!" do próprio Elon Musk, já dono da rede social Twitter)

valor moral à parte (porque não é para aqui chamado), o importante não é parar de investir no digital, pelo contrário! o importante é sim começar a exigir às plataformas e às agências mais responsabilidade pelo dinheiro das marcas, é preciso começar a ver mais e melhor "provas" de impato, envolvimento e interação com o publico-alvo através deste canal

a tributação de tampões, o ativismo e a gestão de marcas

caviar, trufas ou arte: na Alemanha, muitos dos bens de luxo têm uma taxa de imposto reduzida de sete por cento. Os tampões, no entanto, foram sujeitos à taxa máxima de IVA de 19 por cento! Os fundadores da loja online "The Female Company" quiseram por isso, mais do que "só" vender produtos de higiene feminina (que é aliás o negócio da marca), marcar uma posição e tomar medidas contra esta tributação discriminatória



a ideia para marcar esta posição? "contornar" a lei fiscal, usando a própria lei fiscal, vendendo tampões embalados dento de um livro, uma vez que aos livros se aplica a taxa de imposto mais baixa
 
livros, que mais do que "packaging" para tampões, se transformaram também num veiculo para passar e ativar a mensagem pretendida
 
a ideia foi da Scholz & Friend (VMLY&R), vale a pena ver o case:

  

esta campanha tem 3 anos, mas como se costuma dizer, "old but gold" ;)
 
ativar marcas também é isto, ativar a sociedade para  garantir que um produto possa estar no mercado e chegar aos consumidores de forma legítima e justa (seja pela tributação ou outros fatores como a cadeia de distribuição...)