RoR é o novo RoI

uma pergunta para despertar a curiosidade

e se o sucesso da sua empresa não fosse apenas medido em euros, mas também na diferença que faz na vida dos seus clientes? Num mundo onde a atenção é disputada a cada segundo, o Retorno sobre a Relevância (RoR) devolve as pessoas ao Retorno sobre Investimento (ROI). Não se trata de escolher entre lucrar ou relacionar — é sobre fazer as duas coisas, mas melhor. O RoI deu-nos os números; o RoR dá-nos as pessoas! 


 


(fonte: https://www.customerfirstthinking.ca/blog/the-big-shift/)

o Retorno sobre Investimento sempre foi a bússola para a empresas. Quanto gastamos? Quanto ganhamos? É uma fórmula clara, fiável, indispensável. Uma campanha bem-sucedida com um RoI positivo enche os bolsos e valida decisões. Mas, num mercado saturado e em constante mudança, será que chega? O RoI diz-nos se uma estratégia funciona hoje, mas não garante que os clientes voltem amanhã. É aqui que o jogo começa a mudar—o lucro é vital, mas a relevância é o que o torna duradouro

pensem numa loja online que aumenta as vendas com descontos agressivos. O ROI brilha, mas os clientes só compram por causa do preço baixo. E quando a concorrência baixar ainda mais? O ROI não explica como criar laços que resistam. É uma base sólida, sim, mas precisa de algo mais para construir o futuro

o que é o RoR e como complementa o RoI?

o Retorno sobre a Relevância (RoR) é o valor que a marca cria ao investir em soluções que acertam em cheio nas necessidades, desejos ou valores dos seus clientes — e que, ao mesmo tempo, fortalecem o negócio. Não substitui o RoI; eleva-o. Enquanto o RoI pergunta “Quanto ganhamos?”, o RoR pergunta “Quanto importamos?”. É uma abordagem que mede o impacto financeiro e o humano, lado a lado

imaginem uma aplicação de fitness. O ROI está nas subscrições que gera—dinheiro no bolso, objetivo cumprido. Mas o RoR vai além: a aplicação adapta-se ao utilizador atarefado, com treinos curtos que encaixam na sua rotina? com sugestões e propostas de treino que o fazem sentir-se mais confiante. O cliente não só paga, como usa a aplicação todos os dias e recomenda-a aos amigos. O resultado? Retenção mais alta, um RoI positivo e uma marca mais forte. O ROI mostra o lucro; o RoR explica o porquê

o RoR na prática

como funciona isto na prática? Vejamos exemplos simples. Uma empresa de entregas cumpre prazos à risca—o ROI está garantido com custos controlados e receitas a fluir. Mas, ao oferecer opções ecológicas, como embalagens sustentáveis, torna-se relevante para clientes que valorizam o ambiente. Esses clientes não só continuam a encomendar, como falam da empresa a outros. O RoI mede a eficiência; o RoR conquista a lealdade

pense numa empresa de software para pequenas empresas que reduz custos operacionais — RoI assegurado. Mas pode ir mais longe: simplifica a gestão diária, dando tempo e paz de espírito a quem gere um negócio familiar. Esses clientes renovam contratos e recomendam o serviço. Aqui, o ROI e o RoR andam de mãos dadas—o lucro vem com o futuro da relação

porque é que o Futuro pede mais RoR

estamos em 2025, e o panorama mudou. A concorrência digital cresce a olhos vistos, os clientes estão mais atentos e exigentes. Ser rentável continua a ser crucial, mas ser relevante é o que te faz destacar. Em Portugal, onde a confiança e a proximidade sempre tiveram peso, o RoR pode ser a vantagem que diferencia uma empresa. Uma marca que entende o que os clientes precisamv—vseja rapidez, sustentabilidade ou simplicidade — não só sobrevive, como prospera

pensem nas tendências atuais: as pessoas querem sentir que as empresas as ouvem, que fazem parte da solução, e não só do consumo. O RoR é a ponte entre o que os clientes procuram e o que os negócios precisam para crescer a longo prazo. É o ROI com uma camada extra de visão

um convite ao Futuro

o ROI deu-nos os números; o RoR dá-nos as pessoas. Juntos, são o caminho para um negócio que não só funciona hoje, mas floresce amanhã. Não se trata de abandonar o que já sabemos fazer bem — é sobre acrescentar algo que nos torna melhores. Investir em relevância não é um custo; é um ganho, para os clientes e para a empresa

parem um momento e pensem: qual é a relevância que o negócio está a acrescentar hoje? Como é que podem transformar um bom ROI num RoR extraordinário? O futuro está à tua espera—e ele é relevante

a armadilha da qual não vais (querer) sair

dois quilómetros sem labirintos?

 
a IKEA está a preparar uma revolução: uma loja de dois quilómetros, uma linha reta que quer resolver de vez o caos dos seus famosos labirintos. Podemos esquecer as voltas exasperantes em busca de uma estante — agora, o caminho é fluído – 'vai reto! segue, segue, segue, não vira!' – pontuado por móveis acessíveis e o aroma irresistível das almôndegas, sempre disponíveis
 

 
simplicidade, dizem. Mas será só isso? será este o alívio que os clientes exaustos (de se perderem) precisam? ou uma armadilha subtil para os reter— e incentivar a comprar mais? a IKEA promete clareza, mas dois quilómetros de puro fascínio levantam a dúvida: libertação ou uma armadilha elegantemente disfarçada? 
 
em 2025, a marca desafia o retalho: será a linearidade o sinónimo do sucesso futuro? 

[nota para memória futura, tudo isto me parece demasiado 1 de Abril 😇 independentemente, vai ser excelente para discutir o tema da jornada do cliente]

Ceci n'est pas une brand: "Trefoil" & "3-Stripes"

no primeiro capítulo do livro Building Strong Brands, David Aaker alerta-nos para o que chama "brand identity traps", onde fala sobre "imprecisões" e "erros" no processo de definição e conceptualização de marca. O primeiro erro - 'A brand is (not) a logo' - é sobre confundir e reduzir a marca ao seu logotipo. Para Aaker, uma marca é um universo complexo de significados, associações e emoções que vão muito além deste elemento visual (apesar da sua importância)
 
senão vejamos:
 
as duas as imagens que se seguem são da segunda mão dos quartos de final da Nations League, Março de 2025, onde a Alemanha recebeu e empatou 3-3 com a Itália
 
foco: nos logotipos nas camisolas!
 



 

as duas imagens que se seguem são da Final de 1993 da UEFA Champions League, entre as equipas do Olympique Marseille e o AC Milan no Olympic Stadium
 
foco: nos logotipos nas camisolas! 


 

e esta, hein? mais de 30 anos separam estes dois blocos de imagens. A consistência mantém-se, e a convicção da marca Adidas também! ainda bem; a Adidias usa os dois logótipos para contar histórias distintas, o "Trefoil" grita nostalgia, o "3-Stripes" desempenho; 

e se eu dissesse que era possivel uma marca ter 2 logotipos diferentes – ao mesmo tempo — no início deste post? alguém acreditaria?

os fatos, são como os chapéus, há muitos!

não tem o humor dos posts em real time de marcas como a Control ou o Licor Beirão, mas tem tanta ou mais perspicácia, arte e irreverência. Neste caso com um layer novo de significado, porque não pretende só entreter, pretende mostrar resiliência, e reforçar o posicionamento do país (como marca) no território da resistência. Campanha desenvolvida para a conta de instagram do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia


 

a sequência de imagens vem acompanhada do texto: 'Hundreds of thousands of Ukrainians changed their smart office attire for military uniforms to protect their homes and families. For others, daily outfits became a symbol of a lifetime mission, sacrifice, and saving lives.  Amid war, Ukrainian suits may look different, but they are all worn with ultimate dignity 🇺🇦' 

a escolha de vestuário do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi objeto de atenção e críticas durante uma reunião na Casa Branca, onde um jornalista questionou Zelensky sobre sua opção por não usar fato (e gravata), sugerindo que essa escolha poderia ser vista como desrespeitosa. Em resposta, Zelensky afirmou que só voltaria a fazê-lo depois do fim da guerra na Ucrânia, indicando que as suas opções relativamente à roupa atual refletem a situação de conflito que seu país enfrenta

embora não haja informações específicas que confirmem que este post no Instagram do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia seja uma resposta direta a essa pergunta, é verdade que o conteúdo do post está alinhado com a narrativa de resistência e solidariedade adotada pelo governo ucraniano

os elementos visuais escolhidos, aliados à mensagem "Ukrainians have their suits" vem reforçar e destacar a identidade e a resiliência diante do conflito em curso. Acho que não precisa de mais muitas explicações, só precisa mesmo é do destaque! 

vale ainda a pena salientar um detalhe, sobre comunicação, discurso e linguagem: à pergunta do jornalista: "Why don't you wear a suit? You're at the highest level in this country's office, and you refuse to wear a suit. Do you own a suit?", a resposta do Presidente Ucraniano foi: "I will wear (a) costume after this war will finish". A palavra "suit" pode ser traduzida para Ucraniano como“костюм”, que se procuncia 'kostyum' – que tal como o inglês "custome" também pode significar "traje de fantasia", tipo de carnaval ou halloween

marcas que (re)inventam o jogo – o caso dos campos de futebol não rectangulares

o que acontece quando uma marca decide desafiar o óbvio? Quando, em vez de se limitar às regras do mercado, escolhe olhar para o que as pessoas realmente precisam? A resposta pode estar num campo de futebol – ou melhor, em vários campos de futebol, que não são, curiosamente, rectangulares

em Banguecoque, um dos maiores desafios urbanos é a falta de espaços públicos para lazer e desporto. Os bairros são apertados, cada metro quadrado tem um preço elevado, e as crianças crescem sem um lugar onde possam simplesmente jogar à bola! resultado, juntam-se a gangs

a solução tradicional seria construir um campo de futebol. Mas onde? Em áreas densamente povoadas, um campo convencional não cabia. Foi aqui que a AP Thailand (com a ajuda da agência CJ ​​​​Worx) fez aquilo que diferencia as marcas visionárias: olhou para o problema de outra forma. Em vez de se prender ao formato tradicional, decidiu usar os espaços disponíveis – fossem eles triangulares, trapezoidais ou com formas irregulares – e transformá-los em campos de futebol funcionais. Nasciam assim os primeiros campos de futebol não rectangulares do mundo




o impacto foi imediato. De um dia para o outro, jovens que antes não tinham onde jogar passaram a ter campos adaptados às suas comunidades. Mais do que um espaço de lazer, estes campos tornaram-se símbolos de criatividade e inclusão. E a AP Thailand? Conquistou algo que muitas marcas perseguem incessantemente: relevância autêntica 
 
esta iniciativa ensina-nos lições valiosas sobre construção de marca. Primeiro, que as marcas mais fortes não vendem produtos – entregam soluções. O imobiliário não se trata apenas de edifícios, mas de criar espaços onde as pessoas possam viver melhor. Segundo, que a inovação acontece quando se desafia o convencional. Ao repensar algo tão simples como um campo de futebol, a AP Thailand mostrou que até os conceitos mais estabelecidos podem ser reinventados. Por fim, que as marcas devem ser catalisadoras de mudança. Quando uma empresa resolve problemas reais, não precisa de grandes campanhas para gerar impacto – a sua acção fala por si
 

a cultura desempenha aqui um papel central. O futebol não é apenas um desporto – é um fenómeno cultural carregado de significados simbólicos. É pertença, identidade, paixão. Ao transformar espaços urbanos negligenciados em campos de futebol, a AP Thailand não só respondeu a uma necessidade prática, mas também fortaleceu o tecido cultural da comunidade. Mais do que criar um impacto isolado, ajudou a reforçar a ligação entre marca e cultura, mostrando como ambas se influenciam mutuamente. As marcas não existem no vazio – fazem parte da história, dos valores e das emoções das pessoas. Quanto mais se inserem nesse fluxo cultural, mais significado ganham na vida dos consumidores

ao adaptar os espaços urbanos às formas irregulares e às realidades locais, a AP Thailand não inovou apenas na infraestrutura, mas também "elevou" a experiência do consumidor. A experiência criada vai além do físico: ela reforça a relação emocional entre a comunidade. Ao colocar-se no lugar do consumidor, a AP Thailand não só melhora a qualidade de vida das pessoas, como cria um vínculo duradouro e relevante

a grande questão para qualquer gestor de marca é: estamos a criar produtos ou a resolver problemas? Estamos a seguir fórmulas ou a reimaginar possibilidades? No fim do dia, as marcas que (realmente) ficam são aquelas que ousam olhar o mundo com "olhos de ver" e compreendem que o seu impacto vai além do funcional – está profundamente enraizado na cultura, numa relação de construção mútua que molda tanto a marca como a sociedade