tu és único, tu és diferente, tu és especial

como é que as marcas podem chegar aos millenials? agora é mais fácil que nunca

"This Is a Generic Millenial Ad" é um anúncio à geração "milénio", perturbadoramente perfeito, feito exclusivamente de imagens e de vídeos de banco de imagem (stock footage)


o vídeo começa com a voz off a ditar o repto principal "Tu és único. Tu és diferente. Tu é especial" à  medida que vão sendo "lançadas", uma atrás da outra e de forma implacável, cenas que são clichés visuais perfeitos desta geração

só falta a mensagem "insert logo here"



o vídeo foi desenvolvido em parceria entre a equipa da Dissolve, um site dedicado de stock footage, e da agência de design And/Or. Outros vídeos da série, que recomendo vivamente, incluem "This Is A Generic Brand Video" e o "This Is A Generic Presidential Campaign Ad"

este "meta-anúncio" é um alerta à navegação para as marcas e agências, chama a atenção para o perigo de olhar para o target de uma forma "one size fits all", uma tentação em que as marcas e as agências podem cair quando falta tudo, nomeadamente uma compreensão clara do seu target (de comunicação e de consumo)

comportamento do consumidor, Black Friday e Nietzsche

"um blog sobre marcas tem de falar sobre o black friday"... inspirado nesse desafio, aqui fica o meu contributo

"Previsivelmente Irracional" é um livro de Dan Ariely publicado nos Estados Unidos pela primeira vez em 2008, no qual se "desmontam" alguns dos principais pressupostos em relação ao processo de tomada de decisão do ser Humano com base em critérios puramente racionais. Como o próprio Ariely refere: "o meu objectivo, no final deste livro, é ajudá-lo a repensar profundamente sobre o que faz mover as pessoas que o rodeiam"

a "boa noticia" do livro é a conclusão de que o ser humano - apesar de irracional - é previsível (para o melhor e para o pior). E é aqui que entra a "black friday", porque ilustra na perfeição o argumento da irracionalidade e da previsibilidade (neste caso para o pior...):




em 1883, Nietzsche publicou um dos seus livros mais famosos, o "Also Sprach Zarathustra". Central ao livro está a noção de que os seres humanos são uma forma transicional entre os macacos e o que Nietzsche chamou de Übermensch, literalmente "além-do-homem", normalmente traduzido como "super-homem"

e é aqui que a black friday entra novamente. Se Nietzsche tivesse que "descrever" as imagens anteriores, imagino a citação:
“You have evolved from worm to man, but much within you is still worm. Once you were apes, yet even now man is more of an ape than any of the apes.” (Also Sprach Zarathustra, Ein Buch für Alle und Keinen, 1883-85). 
a "boa notícia" (do livro) é que caminhamos para nos superarmos (Übermensch). Ainda bem!

ação de co-branding que faz juz ao nome

a ação é de 2014, mas só agora os nossos caminhos se cruzaram e ainda bem! a marca de bebidas Johnnie Walker e a fabricante de sapatos de luxo Oliver Sweeney juntaram-se para criar uma peça engenhosa de artesanato que materializa na perfeição o conceito de co-branding

um sapato único, de couro, fabricado à mão em Itália, com os logotipos de ambas as marcas bordado e, no tacão por baixo do calcanhar, um compartimento secreto para uma pequena indulgência líquida, uma miniatura de Johnnie Walker Red Label  




em baixo, o video com apresentação da ação pela voz do criador


eu sou um adepto incondicional do co-branding e a razão é esta! estamos pertante uma peça que tem todo o potecial de se tornar numa ação de direct marketing cheia de impacto, ou não fosse o mantra da JW "Keep Walking"

comunicação do benefício da marca: Victan e o Debosh Destroyery

o nome diz tudo: Debosh Destroyery! o projecto onde se pode alugar um quarto... e destruir tudo o que está dentro dele! Sem dó nem piedade.

não vão faltar as ferramentas para nos ajudar a deixar a nossa marca!


localizado em Moscovo, este negócio incomum funciona como um hotel ou sala de karaoke. Pode-se, por exemplo, alugar um quarto por hora e libertar toda a raiva acumulada. Esta é a catarse no seu expoente máximo! Só de olhar para as fotos com todo o potencial de acção e já nos sentimos melhor (!?)

todos os danos capazes de infligir ao espaço estão incluidos. A pergunta nesta fase é: mas onde é que me inscrevo? quero já??! o site vem com uma ferramenta de "booking" para cada um dos quartos, sem stress ;) 




o conceito não é propriamente inovador, mas a execução é das melhores que já vi. Vale a pena ver o vídeo de apresentação:


e o vídeo deu-me a ideia: este projecto seria o cenário ideal para a próxima campanha do Victan!! um produto da Sanofi, dentro do grupo terapêutico dos ansiolíticos. Só do Victan? garantidamente não, mas fica a titulo de exemplo
 
os ansiolíticos em geral, e o Victan em particular, são recomendados para o tratamento de certas situações de ansiedade, ansiedade reaccional, ansiedade associada a uma afecção somática grave, ansiedade generalizada, etc...

benefício do Victan? de forma resumida: diminuir ou extinguir a ansiedade, sem prejudicar as funções psíquicas e motoras! ou, dito de outra forma, "... tinha visto na televisão que era a fase inicial de um enfarte e sentei-me à espera da pancada. Afinal sobrevivi e o Victan promete tornar-se o meu maior aliado para os próximos tempos."

e não é esta afinal a "promessa" do projecto Debosh Destroyery? o que os torna concorrentes no beneficio, torna-os parceiros ideais de comunicação! o briefing está feito, agora seria trabalho dos criativos 

notas sobre posicionamento

o mercado não é definitivamente o das "bebidas (quentes) não alcoólicas", mas sim o da longevidade!!  


a inteligência artificial e o existencialismo pelas mãos de Silicon Valley

actualmente os robôs conseguem fazer (literalmente qualquer) tarefa! e se não o fazem hoje, vão poder fazer amanhã... sempre com o pressuposto de que as máquinas são "ferramentas" que estão ao nosso serviço

no entanto, com o desenvolvimento de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, encontramos hoje máquinas autónomas que estão "capacitadas" para aprender, fundamentar, criar e tomar decisões

neste mundo cada vez mais distópico, pós-emprego, parece que tudo o que a humanidade pode fazer é vaguear pelas praias questionando-se acerca da cruel reviravolta que teremos infligido sobre nós próprios

mas... espera! Parece que os robôs agora também podem fazer isso por nós!

Yuxi Liu criou, para a sua tese de mestrado em "Design Informatics", um projeto chamado "Poet on the Shore", que assume a forma de um robô que segue pela areia imprimindo poesia... a idéia é que o robô use a sua envolvente para gerar e escrever poesia, como qualquer humano o pode fazer. Com isso em mente, está equipado com vários sensores inteligentes para medir condições externas, como temperatura externa e a velocidade do vento


Liu refere que o protótipo atual ainda não está funcionar plenamente no sentido de "gerar" poesia autónomamente, mas pretende tornar isso possível com resurso à inteligência artificial
“I’m trying to work with TensorFlow and ConceptNet for the next step. What it can do in its current state is to automatically write out programmed poems, using an in-built device similar to a drawing machine.” (fonte)
claramente há mais a fazer, mas o trabalho toca um ponto de interesse real: sobre se uma máquina pode ou não ser criativa. Como Liu escreve na sua tese (link),
“‘Poet on the Shore’ is an attempt to challenge the anthropocentric assumption regarding machines by demonstrating the machine’s poetic sensitivity. The robot intervenes in the world. These interventions, expressed through the kinetic and poetic gestures, reveal its non-utilitarian existence: the verse it writes will eventually be washed away by the waves or winds.”


obviamente que a "criatividade" tem tudo a ver com marcas, publicidade, design... Por isso também nós profissionais da área devemos procurar contribuir ativamente para a reflexão no tema, de que papel queremos para inteligência articial no mundo das marcas. Fica o desafio!

entretanto esperamos pelo próximo passo do projeto, a acreditar no potencial que pode trazer para reflexão um poeta robô torturado que escreve poemas como se fossem mensagens Snapchat: o existencialismo pelas mãos de Silicon Valley no seu melhor

Descubra as diferenças...

... entre um anúncio colocado pela VW na edição de aniversário - e a primeira impressa - do jornal Observador,

e um anúncio colocado pelo banco Popular na mesma edição.

a quem descobrir, aceitam-se respostas na caixa de comentários ;)

criatividade, prazos e o "overnight test"

o difícil equilíbrio entre criatividade e prazos: os clientes exigem a entrega em tempos cada vez mais curtos, as agências reclamam o seu tempo e espaço. Que relação existe entre tempo e criatividade?

encontrei este vídeo que quis recuperar, #OldButGold, com um case muito bem conseguido sobre a relação entre resultado criativo e as restrições de limite de tempo. Fica evidente que, quanto menos tempo, menos criatividade! e o vídeo mostra-o de forma exímia



o vídeo lembrou-me imediatamente o artigo "A Short Lesson in Perspective" de Linds Redding, escritor que, infelizmente, já não se encontra entre nós. Nas palavras de Matthew Creamer (da Advertising Age) trata-se "the best piece of advertising writing you've never read" (ver aqui post no adage.com).

o artigo de Linds fala do "the overnight test" que a dupla Linds e Laurence usava como forma de avaliar se uma ideia era boa ou não! eu resumo o conceito: se no dia a seguir à ideia ter sido criada, ainda fosse tão boa ou melhor que lhes tinha parecido antes, então avançavam!! mas...
But here’s the thing.
The Overnight Test only works if you can afford to wait overnight. To sleep on it. Time moved on, and during the nineties technology overran, and transformed the creative industry like it did most others. Exciting new tools. Endless new possibilities. Pressing new deadlines. With the new digital tools at our disposal we could romp over the creative landscape at full tilt. Have an idea, execute it and deliver it in a matter of a few short hours. Or at least a long night. At first it was a great luxury. We could cover so much more ground. Explore all the angles. And having exhausted all the available possibilities, craft a solution we could have complete faith in.
Or as the bean counters upstairs quickly realized, we could just do three times as many jobs in the same amount of time, and make them three times as much money. For the same reason that Jumbo Jets don’t have the grand pianos and palm-court cocktail bars we were originally promised in the brochures, the accountants naturally won the day.
Pretty soon, The Overnight Test became the Over Lunch Test. Then before we knew it, we were eating Pot-Noodles at our desks, and taking it in turns to go home and see our kids before they went to bed. As fast as we could pin an idea on the wall, some red-faced account manager in a bad suit would run away with it. Where we used to rely on taking a break and “stretching the eyes’ to allow us to see the wood from the trees (too many idioms and similes? Probably.) We now fell back on experience and gut-feel. It worked most of the time, but nobody is infallible. Some howlers and growlers definitely made it through, and generally standards plummeted.
The other consequence, with the benefit of hindsight, is that we became more conservative. Less likely to take creative risks and rely on the tried and trusted. The familiar is always going to research better than the truly novel. An research was the new god. The trick to being truly creative, I’ve always maintained, is to be completely unselfconscious. To resist the urge to self-censor. To not-give-a-shit what anybody thinks. That’s why children are so good at it.
desculpem a extensão das transcriçao ;) mas impunha-se para conseguir passar o ponto de vista! aconselho vivamente a leitura do texto integral aqui

na era digital actual, com o acesso imediato à informação e do marketing em tempo real, fico curioso para ver como vamos responder a este desafio (de dar tempo ao tempo) e que compromissos vamos estar dispostos a fazer. Eu vou estar sempre a votar pela qualidade, pelas razões óbvias. Se é pelo tempo que é preciso lutar, então seja!

"Ooho!": a garrafa de água comestível

Ooho! é um projecto para a criação de uma "garrafa de água comestível" que espera substituir os milhões de garrafas de plástico produzidas e deitadas fora todos os anos


a bola de água, chamada "Ooho!" É uma membrana biodegradável e natural que pode ser totalmente engolida e digerida. Feita de um extrato de algas marinhas é completamente incolor e insípida, embora sabores podem ser adicionados

a empresa responsável pelo desenvolvimento do produto, a Skipping Rocks Lab, foi fundada por três estudantes de design com o apoio do Imperial College London, e pretende apresentar uma série de projectos "sustentáveis", ​​dos quais Ooho! é o primeiro

em baixo vídeo com apresentação do conceito. Apesar de só agora se estar a tornar "viral", o conceito já anda por cá desde 2014


o projecto tem em plano testar o uso destas bolas apresentando-o em grandes eventos como maratonas e festivais de música

a Skipping Rocks Lab diz que o material é mais barato do que produzir uma garrafa de água de plástico. Para criar as bolas, um bloco de gelo é mergulhado numa solução de cloreto de cálcio e algas marinhas, que ganham a forma de uma membrana em torno do bloco. Esta membrana pode ser descascada para manter o exterior limpo para consumo.

segundo o jornal Telegraph a mais recente campanha no crowdfunding no site CrowdCube angariou £582.000, sendo que mais de 500 pessoas investiram no projeto

produto impressionante! design, inovação e sustentabilidade no seu melhor. GOSTO. 

estará a PETA a tornar-se a Miss Sloane do mundo da moda?

o filme "Miss Sloane" é um "thriller" político dirigido por John Madden e escrito por Jonathan Perera, sobre a história de Elizabeth Sloane (Jessica Chastain), uma estrategista política de sucesso no mundo lobista da capital dos EUA

"moral" à parte, o filme explora e retrata na perfeição o funcionamento da rede de influências na tomada de decisão politica e a sua consequência para a gestão de um país



"meanwhile" esta semana a organização de defesa dos animais PETA, People for the Ethical Treatment of Animals, tornou-se um dos mais recentes accionistas do grupo que detém, entre outras, as marcas de moda Louis Vuitton, Christian Dior, Fendi, Berluti, Loewe, Givenchi ou Marc Jacobs

estará a PETA a tornar-se a Miss Sloane do mundo da moda? 

a intenção da PETA é fazer no grupo Louis Vuitton Moet Hennessey (LVMH) o mesmo que a levou a comprar acções da Hermès e da Prada há algum tempo: poder participar nas reuniões de accionistas com a administração e pressionar (ou tentar convencer, pelo menos) a empresa a deixar de usar pele exótica verdadeira nas malas, sapatos, relógios, casacos e outras peças de vestuário que fabrica

será o lobbying assim tão diferente da gestão de marcas (e vice-versa)? experimentem trocar a palavra lobbying por marketing...




é por isso que adoro o meu trabalho!

sobre o impacto da publicidade na economia

a World Federation of Advertisers (WFA) publicou recentemente um estudo que, pela primeira vez, quantifica o impacto da publicidade na economia da UE28, da Austrália, do Canadá, do Japão e da Coreia, com base numa metodologia comum

a pesquisa foi conduzida pela Deloitte e financiada pela WFA, com o apoio de uma série de associações europeias da indústria da publicidade

a principal conclusão é que, em média, 1 euro gasto em publicidade gera 7 euros para o PIB europeu. A publicidade garante quase 6 milhões de postos de trabalho na UE, o que equivale a 2,6% de todo o emprego na região




a pesquisa também destaca que a publicidade assegura benefícios pessoais e sociais ao financiar total ou parcialmente os media. A publicidade permite que as pessoas beneficiem das notícias, do entretenimento e de ferramentas de comunicação a um custo reduzido ou mesmo gratuitamente em todo o espectro dos media, na TV, na rádio e on-line


deixo link para o relatório completo aqui