qualquer alteração ao nome ou logotipo da marca é, por norma, mal visto pela "gestão". E porquê? na verdade por nenhuma razão "técnica", mas mais pelo vinculo emocional, pela sensação de quase "adultério" ao "bom nome" ou imagem perante os outros
mas se há coisa que eu acho interessante no marketing é como ele próprio é capaz de torcer, curvar e dobrar as suas próprias regras para, de forma tática, trabalhar posicionamento e/ou a relação com os consumidores (e clientes no B2B)
é reconhecido o exemplo da cor azul adotada pela marca Super Bock no estádio do Dragão, que tem na sua cor (vermelha) um elemento extraordinariamente identitário. Ambas as marcas - SB e FCP - sairam muito bem desta ação, sendo muito valorizada pelos consumidores e adeptos (e até concorrência). Quando as marcas são fortes, isto é tão possivel quanto desejável
foi essa mesma postura que esteve na base da ação da Decathlon, que mudou (temporariamente) de nome para 'Nolhtaced' em três cidades belgas. E porquê?
nolhtaceD é na verdade Dechatelon escrito ao contário ("reverse"). E qual a razão? promover o chamado “reverse shopping”, ou seja, a compra e venda de artigos usados mas que ainda estão em condições para serem utilizados
a mudança de nome é a ideia criativa para a promoção do conceito de economia circular da marca! gosto
as pessoas que venderem os seus produtos à Decathlon
receberão em troca um voucher para gastar em novos equipamentos ou
outros itens em segunda mão. Este voucher permanecerá válido por dois anos.
Enquanto isso, os produtos que não podem ser revendidos podem ser
deixados gratuitamente para reciclagem
“We
want to make sure everyone can play sports in an environmentally
conscious way. To grow sustainably, we are therefore fully committed to
our buy-back service, our second-hand offer, rental and repairs,”
“At
first glance, this name change to Nolhtaced may seem like a marketing
stunt, but our main aim is to make our buy-back service known to the
widest possible audience and thus reuse as many items as possible, lower
the threshold for second-hand and increase purchasing power.”
(Arnaud De Coster, responsável pela gestão da categoria de roupa em segunda mão da marca)
durante
a fase de testes a Decathlon (re)comprou “de volta” 26.000 itens!
muito importante, e nas palavras de Joeri Moons (área de
sustentabilidade da Nolhtaced Belgium):
“Our
classic consumption pattern has to change: buy fewer new products and
resell, repair or rent older material. Consumers are also starting to
look at stuff differently than before. It is less about possession and
more about use,”
já vimos outras ações semelhantes, e também espetaculares, a ação da Patagónia "não compre este casaco" é um caso de estudo. Hajam mais e bons exemplos, vamos a isso?
@gustavomendes